quarta-feira, 9 de abril de 2008

Construindo o Espetáculo.

Romeu e Julieta, a obra que o Balé Teatro Guaíra estréia no próximo dia 23, está em fase final de sua montagem. A produção está sendo preparada com especial cuidado em todos os seus aspectos. Para tanto, o Centro Cultural Teatro Guaíra tem utilizado seu “Barracão”, antes apenas um depósito de cenários antigos, como um centro de produção que integra a construção e montagem do grande cenário e os ensaios do corpo de baile.


Quem chega ao “Barracão” do Teatro Guaíra, no Bairro do Ahu, que antes tinha como função única a guarda dos antigos cenários, surpreende-se com a movimentação de técnicos, bailarinos e ensaiadores. A grande estrutura em metal vem recebendo os últimos retoques, ao tempo em que os bailarinos já a utilizam para os ensaios da coreografia do balé Romeu e Julieta, do compositor russo Sergei Prokofiev. Apesar do tamanho, o cenário é muito versátil e os recursos nele colocados, criações da equipe cenotécnica do Teatro, possibilitam sua fácil movimentação. Essa movimentação transforma rapidamente o mercado de Verona em Salão de Festas dos Capuleto e posteriormente no quarto de Julieta e no famoso balcão nos jardins de sua casa, principal testemunho das mais famosas declarações de amor
de toda a história.


Ao mesmo tempo, a costura finaliza as grandes cortinas que servirão de fundo, para a confecção das quais foi necessária a utilização de espaços antes não imaginados para servir aos serviços técnicos de montagens. O saguão do Guairão tem sido tomado nas horas do dia para compor as grandes peças que são confeccionadas em separado e depois unidas, num trabalho minucioso, para que o resultado final produza o efeito desejado no palco. Algumas semanas de trabalho têm sido consumidas nesta operação que, além do saguão, ocupou parte das coxias do palco do Grande Auditório. A parte de costura de máquina foi feita pela equipe de costureiras do Teatro Guaíra e o trabalho de unir as peças está sendo realizado por uma equipe especialmente contratada para isso, que é quem produz, à mão, os efeitos finais de caimento.









Cleverson Cavalheiro, que divide com Carlos Kur a concepção de cenários e iluminação, é também o responsável pelo comando da Equipe Técnica. Segundo ele, o fato de, pela primeira vez nas produções do Guaíra ter havido esta integração de bailarinos e técnicos no mesmo espaço, não só criou um clima de trabalho bem melhor, mas possibilitou que houvesse uma interação entre as equipes, possibilitando que problemas detectados pelos artistas quanto à movimentação nos cenários, pudessem ser discutidos entre esses e os técnicos e resolvidos a tempo, com modificações ou ajustes de determinados detalhes. Por outro lado, “houve um envolvimento da casa como um todo, com a presença de funcionários de vários níveis e de diversos setores no Barracão, possibilitando a esses, que normalmente só participam de forma indireta da produção, entender e presenciar as exigências específicas do trabalho, provocando uma participação mais engajada de todos”, disse Cleverson.

A equipe de vovôs da cenotécnica, diretamente responsável pela construção do cenário, conta do prazer de realizar o trabalho e como cada um se envolveu ao longo do tempo com a atividade.




Irineu, avô de três netos, há 35 anos trabalha na construção dos cenários do Teatro. Era mecânico de máquinas pesadas: tratores, colheitadeiras e outras de grande porte, quando a empresa fechou. A procura de emprego, alguém lhe informou que era possível “trabalhar no Guaíra. Vim ver o que era. Vi que era possível fazer o trabalho e fui ficando”, conta. A experiência como mecânico de grandes máquinas serviu como base para a operação da maquinaria de palco, mas ainda lhe possibilita a criação de diversos instrumentos e mecanismos necessários à movimentação de cenários. Segundo ele é um trabalho que proporciona muito prazer porque tem que lidar sempre com o novo, uma vez que a cada produção as exigências são diferentes. Relata que uma das maiores satisfações é planejar a solução para determinado cenário e vê-la funcionar depois de pronta.


Altair, há 27 anos no equipe do CCTG, é também avô de três netos, tem suas origens profissionais na Construção Civil. Quase por acaso, acabou vindo candidatar-se a um emprego na então Fundação Teatro Guaíra. Quando viu que as atividades na equipe técnica incorporavam muito do conhecimento adquirido na sua atividade original, ficou e diz que gosta muito do que faz. “Além das coisas que a gente aprende todo dia aqui mesmo nas atividades do Teatro, o fato da gente ter contato com técnicos de outros lugares faz com que a gente veja outras soluções técnicas que são incorporadas àquilo que a gente já sabe, além de poder transmitir para os outros nosso conhecimento.”

Mineiro, campeão de netos da equipe, tem seis, há mais de duas décadas no teatro, também tem suas origens profissionais na construção civil. Aprendeu com um tio o ofício de “construir casas”, tudo aquilo que se referia a construção e acabamento “do piso ao teto”. Por acaso foi um dia à casa de um diretor do Teatro Guaíra fazer uma entrega de material e havia um problema com a construção da churrasqueira, que os pedreiros da empresa não conseguiram resolver. Chamado a terminar a obra, conclui-a rápido e da forma desejada pelo cliente. Este convidou-o a vir fazer uma experiência no Teatro, já que ele sabia de carpintaria, serviços de alvenaria, eletricidade e hidráulica. Veio, fez os primeiros serviços, integrou-se à equipe, já passou por diversas funções dentro da equipe técnica e hoje participa da elaboração e construção dos cenários.

Figurinos também em fase de acabamento, fazem com que Paulinho Maia e sua equipe trabalhe em ritmo frenético. Segundo o figurinista, que é também diretor de espetáculos, ator e cenógrafo, os figurinos possuem uma concepção conceitual, atemporânea e sem a preocupação de estilo ou época. Alguns misturam intencionalmente vários estilos e formas para que sejam capazes de complementar o clima e a emoção de cada cena e de cada personagem. Os trajes primam pela riqueza de detalhes e pelo requinte de acabamento e certamente vão impressionar pelos efeitos cênicos que podem provocar. Além disso, por exigirem várias trocas, são double face, bastando vesti-los ao contrário para mudar o personagem ou a roupa de um personagem.

Agora os ensaios passam a ser realizados no Guairão para que se possam fazer os ajustes finais de cenários e figurinos e se incorpore a luz ao espetáculo.

A música terá a regência do maestro italiano Adrea Di Mele que se confessa fã da música de Prokofiev e que, apesar de gostar muito de toda a obra, suas sinfonias e concertos, Romeu e Julieta é especial. “A música do balé de Prokofiev tem a capacidade de transmitir de forma exata a emoção do drama de Shakespeare. Mesmo que o espectador não pudesse ver a cena distinguiria prontamente a paixão, o ódio, a raiva e outros sentimentos que compõem a trama”, diz o maestro.


Fonte: Site Teatro Guaíra

3 comentários:

Anônimo disse...

que bonito o registro do trabalho destes construtores.parabens teatro guaira, será um grande sucesso.

Anônimo disse...

esbanjando engenho e arte

Anônimo disse...

Quero dizer que também participei do filme "Cafundó" com Paulo Beti e Lázaro Ramos. Podem conferir na Internet no endereço http://www.interfilmes.com/filme_16763_Cafundo-(Cafundo).html.

Aiiiii Poooooode!!!!